Maria Isabel Franco é consagrada Mestra da Nação Pé de Elefante
- Maria Isabel
- 3 de dez. de 2024
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Maria Isabel de Oliveira Franco, batuqueira, regente e coordenadora da Nação, é consagrada Mestra da Nação Pé de Elefante, coroando uma trajetória de dedicação à cultura popular e ao fortalecimento das tradições do maracatu.
A história do Maracatu Nação Pé de Elefante ganhou um novo marco durante a tradicional Festa dos Mestres, realizada em Alhandra, Paraíba, no dia 17 de novembro de 2024. Este evento, promovido por Pai Beto de Xangô e pelas casas que dirige (Casa do Catimbó – Filhos da Jurema Santa e Sagrada e Templo dos 12 Reinados da Jurema Sagrada) celebra os Mestres da Jurema Sagrada e a conexão espiritual e cultural que eles representam. Foi nesse contexto, diante da comunidade religiosa e local e da Jurema Sagrada, que Maria Isabel de Oliveira Franco foi consagrada Mestra da Nação.

Mestra Maria Isabel em uma das apresentações da Nação no IX Encontro de Juremeiros e Benzedores da Cidade de Alhandra no Templo dos 12 Reinados da Jurema Sagrada, em Alhandra, Paraíba.
A consagração, conduzida por Pai Beto de Xangô, Babalorixá do Ilê Axé Xangô Ogodô e Guardião da Jurema Sagrada, representa muito mais do que um título: é um reconhecimento da força feminina e do papel transformador das mulheres na preservação e reinvenção das tradições afro-brasileiras. Como ele destacou ao longo da cerimônia, o Maracatu Nação Pé de Elefante não é apenas um grupo cultural, mas uma expressão de resistência e espiritualidade, enraizada na Casa do Catimbó e no Ilê Axé Xangô Ogodô.
Maria Isabel: uma trajetória de dedicação à cultura popular
Mestra Maria Isabel regendo as celebrações do “Mulheres dessa Nação”, realizadas em março de 2024, na sede da Nação, em Varadouro, João Pessoa.
Maria Isabel, agora também Mestra da Nação, constrói sua trajetória com dedicação e amor pela cultura popular. Mulher negra e de terreiro, ela carrega em sua essência a ancestralidade e o compromisso com as tradições afro-brasileiras. Emocionada, ao ser consagrada, ela compartilhou um pouco de sua jornada:
"Cheguei no terreiro em 2018 por meio do Pé de Elefante, foi a percussão que me levou até a casa de Pai Beto. Era uma época difícil para mim, minha vida precisava de um motivo, eu me sentia um pouco perdida na minha própria história. Isso mudou depois de 2018. O maracatu e o Ilê me resgataram, sem o incentivo de Pai Beto e de todos aqui presentes, não sei se estaria aqui hoje com vocês dividindo essa conquista."

Mestra Maria Isabel em entrevista à Rádio Tabajara.
Formada em Design Gráfico, Maria Isabel une habilidades como comunicação, produção cultural e empreendedorismo a um profundo respeito pela tradição. Sua formação percussiva é completa: domina o tambor, caixa, agbê, gonguê e ganzá, instrumentos que representam a alma sonora do maracatu. No terreiro, ela também assume o ilú nas atividades religiosas, um posto que historicamente enfrenta desafios para ser ocupado por mulheres, o que vem tornando sua trajetória ainda mais significativa.
OPAHEY OYÁ! Com todo respeito e gratidão, saudamos nossa Mestra
A inclusão de uma Mestra ao lado do Mestre Fernando Trajano é um momento histórico para o Maracatu Nação Pé de Elefante. Esta escolha reafirma a importância da diversidade e da equidade dentro das tradições culturais por valorizar as contribuições fundamentais das mulheres para o fortalecimento da identidade do grupo.
Como Mestra, Maria Isabel será uma guia, unindo tradição e modernidade, espiritualidade e cultura popular. Seu trabalho continuará promovendo a visibilidade das raízes afro-brasileiras ao inspirar novas lideranças femininas.
Fotos tiradas por Perazzo Jr. da Festa dos Mestres realizada no dia 17 de novembro no Reino do Bom Florar, Alhandra/Paraíba.
Sua missão exige mais do que dedicação e sensibilidade, exige a força de quem não se curva aos desafios, de quem trabalha incansavelmente para transformar sonhos em realidade. Mestra Maria Isabel personifica essa força. Ela é ação, movimento e resistência, uma mulher que faz e acontece, mesmo diante das adversidades. Sua liderança não apenas conduz a Nação em uma jornada que atravessa gerações, mas também inspira cada integrante a acreditar no poder coletivo e na permanência da cultura.
Com energia vibrante e determinação inabalável, Maria Isabel solidifica sua posição como uma guardiã das tradições e religiosidade do maracatu, enquanto renova essas práticas com um olhar contemporâneo e inclusivo. Forte como os ventos de Iansã e resiliente como suas raízes ancestrais, ela é exatamente o que um grupo de maracatu precisa: alguém que une, inspira e torna a causa mais fortalecida e viva a cada passo.
Que este momento inspire não apenas o Maracatu Nação Pé de Elefante, mas também outras Nações e grupos culturais ao destacar a força feminina como instrumento indispensável para manter viva a chama da cultura popular, da religiosidade, da espiritualidade e do maracatu.


























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